16 dezembro, 2017

Governador de São Paulo e Presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, declarou neste sábado (16/12) que seu partido punirá Deputados tucanos que votarem contra a Reforma da Previdência, que foi flexibilizada e teve votação adiada para o próximo 19 de fevereiro. O adiamento da votação foi encarado por lideranças congressistas como uma derrota do Governo.
Aclamado presidente nacional do PSDB há uma semana, Alckmin encabeça posição majoritária do partido em favor da proposição, prioridade máxima no último ano da gestão Temer (PMDB), e havia feito a ressalva de que o fechamento de questão não implicaria, necessariamente, punição a correligionários. “Nosso momento não é de discutir punição, é convencimento. É convencimento”, ponderou Alckmin em cerimônia de entrega de um terminal de ônibus em Americana, interior paulista.
“Era pra votar em dezembro, ficou pra fevereiro. Nós continuamos favoráveis. Se ficar pra março continuaremos favoráveis. Entendemos que é uma questão de justiça, no sentido de ter um tratamento mais justo entre setor privado e público e pra evitar o déficit, porque isso pode comprometer o equilíbrio das finanças públicas”, acrescentou o Governador.
Em meio a crises internas à legenda, o PSDB decidiu, a exemplo de partidos como PMDB e PTB, pelo fechamento de questão a favor da reforma na última quarta-feira (13), já com Alckmin no comando dos tucanos. Na ocasião, a obrigação de voto a favor foi imposta, mas descartou-se a punição dos que votassem contrariamente à decisão do partido.
Com 46 deputados, o partido é considerado crucial para aprovar a Reforma – que, por tramitar por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 287/2016), precisa ao menos de 308 votos na Câmara, em dois turnos de votação. Metade do partido defende o fim da aliança com Temer, grupo encabeçado por tucanos como o Senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra da legenda. Deputados alinhados a essa tendência não têm se manifestado com frequência contra a proposição, mas votaram pela continuidade das investigações contra Temer e demonstram incômodo com a pauta governista.
Diferentemente, tucanos liderados pelo Senador Aécio Neves (PSDB-MG), antecessor de Alckmin no comando do partido, e pelo Governador de Goiás, Marconi Perillo, querem não só a manutenção da aliança, mas o apoio irrestrita à pauta reformista de Temer – que, além da reforma da Previdência, falou sobre os anseios de aprovar um projeto de “simplificação tributária”, ontem (15/12) em discurso na posse do novo ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun (PMDB-MS), responsável pela articulação política com o Congresso. Mas tanto Aécio quando Marconi, investigados pela Operação Lava Jato, têm perdido força no partido diante das propaladas intenções de renovação com vistas à corrida presidencial de 2018. Presidenciável do PSDB, Alckmin também é alvo da Lava Jato, embora sua situação judicial seja considerada menos desfavorável.
Dos quatro ministros tucanos originais do governo Temer, apenas um continua no Executivo em nome do PSDB: Aloysio Nunes, Senador de São Paulo que chefia o Ministério das Relações Exteriores. Luislinda Valois, que continua na pasta dos Direitos Humanos, desfiliou-se do partido na última quinta-feira (14/12). Os deputados Bruno Araújo (Cidades) e, mais recentemente, Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) deixaram a equipe ministerial como reflexo do racha tucano.