31 outubro, 2016


A conclusão do 2º turno das eleições municipais de 2016 confirmou o reordenamento das forças políticas no pós-impeachment de Dilma Rousseff, com forte impacto negativo sobre o PT. Além de ter o seu pior desempenho em capitais desde 1985, com apenas uma vitória em Rio Branco (Acre), e de eleger pouco mais de 250 prefeitos neste ano, o PT perdeu 7 de cada 10 votos que havia conquistado em 2012. O partido dos ex-Presidentes Lula e Dilma somou 7,6 milhões de votos nos dois turnos da eleição para prefeito. Quase 70% a menos do que os cerca de 24,3 milhões de votos obtidos ao final da disputa de 2012. A redução de espaço deveu-se em boa parte à perda da prefeitura de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, de capitais importantes e de grandes cidades em regiões onde a sigla acumulava bons resultados, como o Nordeste e o ABC Paulista.
O partido despencou do 1º lugar em número de votos para a sexta colocação. A queda do PT coincide com o desgaste provocado pelo agravamento da crise econômica, por denúncias de corrupção contra lideranças petistas, os desdobramentos da Operação Lava Jato e o impeachment de Dilma.
Principal adversário do PT nas últimas duas décadas, o PSDB viu sua votação crescer 11% em quatro anos: saltou de 19,5 milhões para 21,7 milhões. Vice em 2012, foi a mais votada entre todas as siglas em 2016. A legenda vai comandar 24% do eleitorado do país, sete das 26 capitais estaduais, inclusive a paulista, e cidades onde não tinha tradição, como Porto Alegre e São Bernardo do Campo (SP), onde mora o ex-presidente Lula.
Embora tenha sido o partido que mais conquistou prefeituras este ano, a exemplo de 2012, o PMDB, do presidente Michel Temer, perdeu cerca de 1,4 milhões de votos de uma eleição para outra, queda de 7,6%. Ainda assim, os peemedebistas passaram do 3º para o 2º lugar no ranking de votos conquistados.
Também superaram o PT em número de votos este ano, somados os dois turnos, o PSB, o PSD e o PDT. Os pedetistas foram os únicos da base de apoio de Dilma a ver sua votação crescer: de 7,8 milhões de votos, há quatro anos, para 8,04 milhões agora.

Confira a votação obtida por cada partido na eleição para prefeito, em 2012 e 2016, ao final dos dois turnos:

Partido20122016
PSDB19.523.89821.733.680
PMDB18.654.61917.232.952
PSB10.357.84610.283.810
PSD6.543.0399.165.019
PDT7.783.5598.045.545
PT24.261.3767.602.958
PRB2.672.7106.160.331
PR4.231.1356.092.206
PP6.131.2685.891.565
DEM5.358.5565.392.747
PTB4.418.2813.873.299
Psol2.826.0213.752.445
PPS2.792.8473.471.471
PV2.370.1992.095.621
PCdoB2.671.3281.996.308
PSC2.073.3211.766.736
SD-1.680.358
PHS315.5151.573.832
PMN564.8951.502.824
Rede-1.310.607
PTN347.9141.100.636
Pros-689.958
PSL287.112487.592
PMB-370.125
PEN-286.493
PTC688.184268.155
PTdoB294.938267.680
PSDC227.149211.648
PRTB402.044162.215
PPL146.686158.650
PSTU176.33677.952
NOVO-38.512
PCB45.11924.501
PCO4.2845.689
Total126.172.191
124.776.136
Fonte: Congresso em Foco

26 outubro, 2016



Michel Temer, Brazilian President, won another victory on Tuesday in his efforts to restore fiscal discipline. Yesterday, the Lower House of Congress approved a constitutional amendment to cap public spending for 20 years. Heavy public spending, a recession and a massive corruption scandal revealed by "Lava-Jato" investigation rocking Brazil's political establishment undermined confidence in Latin America's largest economy.
The constitutional amendment would limit the growth of public spending to the rate of inflation of the previous 12 months for up to 20 years. It passed by 359-116 votes, receiving 7 votes less than it did in a first-round vote. The House has yet to vote on six suggested changes to the text before it can send the amendment to the Senate for approval.
While the government easily won the vote - it needed 308 votes to pass - the smaller margin pointed to the challenge Temer faces in enacting an unpopular belt-tightening agenda. The spending ceiling, which can be revised after 10 years, is a drastic measure to plug a budget deficit that ballooned to more than 10% of GDP last year.
President Temer and many economists argue that limiting government spending is crucial for Brazil to curb a growing debt burden that could top 73% of GDP this year.
Opponents of the cap, led by the Workers Party (PT, acronym in Portuguese), sought to block approval, saying it would reduce education and health services for those who most need them and cut spending needed to revive a moribund economy and fight double-digit unemployment. Demonstrators protesting against the measure were removed from the gallery.
To reduce opposition to the spending ceiling in Congress, the government agreed to postpone any spending cap on health and education until 2018.
Confidence that Temer can put the books in order and turn the economy around has placed Brazilian assets among the best performing investments in the world this year. The Real currency has strengthened 26.7% this year and closed on Tuesday at 3.10 to the Dollar, its highest in 15 months.


24 outubro, 2016


O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convidou cerca de 300 deputados para um coquetel aberto que promoverá na noite desta segunda-feira (24) para pedir empenho na aprovação do 2º turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241/16) que limita os gastos da União pelos próximos 20 anos. O presidente Michel Temer e Ministros do núcleo político também confirmaram presença no evento marcado na residência oficial da presidência da Câmara. Ontem à noite Temer e Maia se reuniram para discutir o encaminhamento da votação.
A ideia é repetir a estratégia que deu certo na véspera da aprovação da PEC em primeiro turno, quando Temer recebeu mais de 200 parlamentares para um jantar, em pleno domingo, no Palácio da Alvorada. Na noite seguinte, o Plenário aprovou, por 366 votos a 111, a proposta considerada fundamental pelo governo para reequilibrar as contas públicas. Na ocasião, a taxa de fidelidade entre os governistas presentes foi elevada, alcançou 92%. Mais uma vez Temer precisa contar com o apoio de pelo menos 308 deputados para garantir que o texto avance ao Senado.
Pela PEC, as despesas da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) só poderão crescer conforme a inflação do ano anterior medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Entre as limitações estão os valores das emendas apresentadas pelos parlamentares das três esferas de poder aos Orçamentos públicos, nas compras e nas contratações de produtos e serviços por qualquer ente público.

"Remédio Amargo"
Já aprovada em primeiro turno pelo plenário da Câmara e em segundo turno pela comissão especial, a PEC 241 tem sido criticada por parlamentares e associações que representam os setores da educação e saúde. O teto para essas duas áreas começa a valer em 2018.
Pesquisa realizada por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feita diante da possibilidade de promulgação da PEC, detalhou que as implicações para o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) gerariam uma perda de mais de R$ 600 bilhões ao setor entre 2017 e 2036, caso a mudança entre em vigor. O presidente do Ipea, Ernesto Lozardo, diz que o estudo não representa a posição do instituto.
Apesar disso, o governo do presidente Michel Temer apresenta a PEC como o passo mais importante para a retomada da economia brasileira. A equipe econômica do governo e a base de sustentação parlamentar de Temer no Congresso – formada por PMDB, DEM, PSDB, PP, PSD e outras bancadas menores – consideram o remédio do limite de gastos “amargo”, mas necessário.

Pré-Sal
Hoje, às 16 horas, está prevista também a votação dos destaques apresentados ao projeto de lei (PL) 4567/2016, que desobriga a Petrobras de ser operadora de empreendimento em todos os blocos de exploração do pré-sal no chamado regime de partilha de produção. Apresentado em 25 de fevereiro pelo então senador José Serra (PSDB-SP), hoje ministro das Relações Exteriores, o projeto, na prática, concede à estatal o direito de escolher se quer ou não participar dos processos de exploração, bem como de possuir participação mínima de 30% nos consórcios formados para explorar os blocos licitados. O texto-base não sofreu alterações até o momento, mas os destaques, se aprovados, podem manter o atual regime de partilha (que obriga a participação da Petrobras em todos os consórcios de exploração dos blocos licitados no âmbito do pré-sal).

Reforma Política
Na terça, as comissões da Câmara também estarão movimentadas. Será instalada a comissão especial da reforma política. Prevista para a última quarta-feira (19), a reunião foi cancelada e adiada para esta semana.
De acordo com o presidente do colegiado, Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), estão previstas discussões de temas que já foram rejeitados pela Câmara. “A [última] eleição que teve 40% de abstenção e votos brancos e nulos é a demonstração clara de que a população não ficou satisfeita com o que nós aprovamos. Aquela minirreforma não passou nos testes das urnas. Então, o clima é justamente esse: os políticos estão convencidos de que precisam fazer alguma coisa. Nós não podemos fazer toda hora um remendo de reforma, nós temos que fazer uma reforma que fique definitiva por um longo período”, explicou.
Também na terça-feira, a Comissão da Transposição do Rio São Francisco, instalada para acompanhar as obras do projeto, vai receber o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho. No mesmo dia está prevista também a votação do parecer sobre o reajuste da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, de perito federal agrário, da carreira de Desenvolvimento de Políticas Sociais e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit); e do relatório sobre o projeto de lei (PL 5864/2015), do Executivo, que reestrutura as carreiras da Receita Federal e de auditores fiscais do Trabalho.

No Senado Federal
Já no Senado, parlamentares se reunirão na terça, a partir das 16 horas, para tentar liberar a pauta de votações da Casa.
A medida provisória (MP 737/2016) que permite a policiais e bombeiros militares o desempenho de atividades de cooperação federativa no âmbito da Força Nacional de Segurança Pública precisa ser analisada para destrancar a ordem do dia.

Cláusula de barreira
Depois, entra em discussão a PEC 36/2016, que promove alterações nas regras do funcionamento parlamentar dos partidos políticos. A matéria prevê que apenas partidos que obtiverem o desempenho eleitoral exigido – mínimo de 2% dos votos válidos apurados em âmbito nacional – terão assegurados os direitos à proposição de ações de controle de constitucionalidade, estrutura própria e funcional das casas legislativas, participação nos recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à TV.
O plenário também pode votar indicações de autoridades e embaixadores feitas pelo Executivo como, por exemplo, Maria Nazareth Farani Azevêdo, que deve assumir o cargo de delegada permanente do Brasil em Genebra, na Suíça.

22 outubro, 2016


The corruption-related arrest of a former top Brazilian lawmaker last Wednesday threatens to revive political turmoil and snap the momentum of a government economic reform campaign. Eduardo Cunha - former President of Brazil's Lower House - was taken into police custody last Wednesday on accusations of corruption and money laundering related to oil platform contracts with state-controlled Petrobras. He denies the accusations.
A controversial politician, Cunha initiated impeachment proceedings that resulted in the 31 August ouster of ex-President Rousseff. Weeks later, he was stripped of his mandate and associated judicial protection because of alleged ties to corruption. Cunha was already indicted in March on corruption and money laundering charges, and was arrested this week on risk of interference with ongoing investigations.
Cunha said last month he is working on a "tell-all impeachment book" and suggested that he may turn state witness in the ongoing Lava Jato corruption investigation. The probe, led by federal judge Sérgio Moro, has advanced mainly on information included in plea deals with business leaders and a few politicians.
A member of Brazil's ruling Democratic Movement Party (PMDB), Cunha's threats have loomed over Brasilia where major politicians from all parties face scrutiny.
President Michel Temer, Rousseff's former Vice President and the top PMDB politician, assumed leadership of a deeply divided Brazil faced with the difficult task of marshaling unpopular austerity and privatization measures through a fractious congress. Cunha's arrest and Temer's low approval rating risk upending the political support the president has managed to muster in recent weeks.
Temer has thrown his weight behind labor, pension and government spending reforms aimed at resuscitating the economy.
Promised oil sector reforms, including the opening of the country's sub-salt reserves to companies other than Petrobras, are advancing, but still face staunch opposition from oil workers and opposition lawmakers led by Lula's Workers Party (PT).
Temer has signaled his endorsement of oil sector reforms, but his credibility has been strained by his own party's involvement alongside the PT in a Petrobras kickback and bribery scheme that first came to light in 2014.
In his first weeks in office, Temer has embarked on road-shows in China, the US, India and Japan in an effort to rekindle investor interest.
Investors have responded, picking up major Petrobras assets and pushing up the local stock exchange. Oil companies are no exception to the growing optimism. Speaking at the Oil and Money conference in London today, Shell upstream director Andy Brown said the Brazil is on an “improving trend,” adding that new Petrobras chief executive Pedro Parente “is really delivering” although the situation remains “a bit volatile.”