29 maio, 2018
On 13:50 by Quorum in Análise de Risco Político, Brasil, Caminhoneiros, Consultoria Política, Crise Política, Diesel, Greve dos Caminhoneiros, Michel Temer, Presidência da República No comments
Foto: Miguel Schincariol/AFP |
Segundo José Araújo Lima, Presidente da União Nacional
dos Caminhoneiros (Unicam), o acordo do Governo Federal com a categoria celebrado no último domingo não deve colocar fim à mobilização nos próximos dias.
Segundo José Araújo, os condutores paralisados em todo o Brasil não desejam
medidas provisórias ou acordos negociados com o Congresso, mas sim a imediata
redução do preço dos combustíveis nas bombas. “Está praticamente tudo parado
ainda. O pessoal não aceitou o acordo”, alertou o dirigente.
Segundo José Araújo, que afirma responder por centenas de
milhares de caminhoneiros, a situação ainda é de paralisia na atividade e se
mantém a disposição para a manutenção da mobilização. Ele também explicou que o
proceso de negociação com a categoría é difícil, pois seriam muitos os
posicionamentos entre os milhares de caminhoneiros ainda mobilizados no país.
“É complicado, sabe? Difícil até a gente dar entrevista.
Eu participei das reuniões da semana passada. [No domingo] Não fui convidado e
não participei. Esse acordo que foi feito, das três medidas provisórias,
ninguém está respeitando, não. Os caras querem que reduza mais o óleo diesel. A
situação é complicadíssima”, acrescentou.
José Araújo afirma que mantém contato com 15 pontos de
concentração espalhados pelo país, apesar de haver passado boa parte da semana
passada em Brasília, onde participou de reuniões na Casa Civil e não assinou a
primeira proposta de acordo apresentada pelo Governo.
Por outro lado, desde o acordo celebrado no último
domingo, o líder de outra Associação, José da Fonseca Lopes (Presidente da
Associação Brasileira dos Caminhoneiros – Abcam), tem dado entrevistas dizendo
que boa parte dos caminhoneiros irá se desmobilizar. No domingo, o Governo
Federal aceitou medidas como a redução dos impostos sobre o diesel e do preço
do frete e a não cobrança de pedágio para caminhões sem carga. Segundo o
Presidente da Abcam, a expectativa seria de que a greve estaria totalmente
desmobilizada até o dia de hoje (29), algo que não condiz com a permanencia do movimiento
e com a percepção descrita por José Araújo, da Unicam.
“Está tudo bagunçado. É muita liderança querendo falar.
Um fala uma coisa, outro fala outra. A categoria já está se revoltando com os
próprios representantes. Porque, queira ou não queira, não pode existir uma
categoria em que todo mundo manda. Tem que haver uma regra, quem responda por
eles”, ponderou José Araújo.
Exigência
concreta: redução imediata do diesel nos postos
Para o Presidente da Unicam, a receita para o fim da
greve é simples: “Os caminhoneiros querem que seja reduzido o preço do diesel
na bomba. E não o que vai acontecer daqui a 30 dias, 60 dias. Não tem um posto
que mudou o preço e disse que daqui em diante o preço vai ser ‘x’. Eu fiz um
cálculo aqui sobre aquela medida de redução 46 centavos: em mil quilômetros, a
economia é de 170 reais no frete. Não dá em nada, não muda nada. Eles não vão
ganhar nada no mês”, reclamou José Araújo.
Ainda segundo o dirigente, criou-se uma polêmica no
âmbito da própria categoria, pois não há um discurso unificado sobre a greve.
Nesse sentido, ele lembra que representantes das empresas transportadoras
tomaram a frente das negociações da semana passada, e por isso não assinou o
acordo segundo o qual a paralisação seria suspensa por 15 dias. “Eu sabia que
não ia voltar, como não voltou. Aliás, aumentou a adesão à greve. Eu fiz o
certo. Está aí a prova”.
José Araújo comentou ainda a postura do Presidente da
Petrobras, Pedro Parente, em não modificar a política de preços dos
combustíveis, que se baseia na variação do preço internacional do petróleo e do
câmbio. Nesse sentido, completa o dirigente, o próprio presidente Michel Temer
dá demonstrações de fragilidade.
“Mantém-se o Pedro Parente fazendo uma anarquia dessa
toda e está lá, belo e folgado. E o governo ainda apoiando! O Temer seria um
secretário dele. O Pedro Parente está mandando. Acho que tem que mudar a
política de preços. Tem que mudar, sim! Agora, deixá-lo lá na Petrobras com um
rombo de cinco bilhões de reais, se não me engano… É um absurdo um negócio
desses. E não é só o diesel. E a gasolina? E os derivados? Tem que mudar todo o
sistema, se não nossa categoria não vai parar com muita facilidade, não”, alertou.
Depois de dias de negociação, governo e lideranças
grevistas fecharam acordo para reduzir em R$ 0,46 o litro do óleo diesel. Desse
total, R$ 0,16 serão obtidos por meio da eliminação da cobrança da Cide (R$
0,05 sobre o litro do combustível) e do PIS/Cofins (R$ 0,11) até o fim do ano.
Os R$ 0,30 restantes serão subvencionados pelo Tesouro, em pagamentos
compensatórios à Petrobras e outras empresas que vendem o combustível,
inclusive os importadores.
Fonte: Congresso em Foco, Agência Brasil
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