23 fevereiro, 2017

O Procurador da República, Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Operação Lava Jato, declarou nesta quinta-feira, 23, que “agentes políticos do PMDB no Senado” teriam sido beneficiários de parte dos US$ 40 milhões de propina supostamente repassados pelos operadores do partido, Jorge Luz e Bruno Luz. Pai e filho, respectivamente, Jorge e Bruno são alvos de mandados de prisão da Operação Blackout, 38.ª fase da Lava Jato, deflagrada na manhã desta 5ª feira (23/02). Ambos são suspeitos de “atuação de longa data” no esquema de corrupção instalado na Petrobrás e na Eletronuclear, segundo o Procurador.
“Há estimativas da Procuradoria-Geral da República de que essas pessoas (Jorge e Bruno Luz) movimentaram em torno de US$ 40 milhões em pagamentos indevidos. Os beneficiários eram diretores e gerentes da Petrobrás e também pessoas com foro privilegiado, agentes políticos relacionados ao PMDB. Há elementos que apontam que agentes políticos do Senado, ainda na ativa, foram beneficiários de parte desses pagamentos”, afirmou.

Acusados ainda não localizados pela Polícia Federal
A força-tarefa da Lava Jato pediu ao juiz Sérgio Moro a prisão de Jorge e Bruno Luz por identificar que eles deixaram o Brasil e que possuem dupla nacionalidade. Ambos estariam nos EUA e já tiveram seus nomes incluídos na difusão vermelha da Interpol. Bruno Luz deixou o Brasil em agosto do ano passado e seu pai, em janeiro deste ano.
Jorge Luz havia sido citado na Lava Jato pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró e pelo operador de propinas Fernando Baiano, delatores da operação. Em 18 de abril do ano passado, Cerveró disse em depoimento ao juiz Sérgio Moro que o senador Renan Calheiros recebeu propina de US$ 6 milhões por meio do lobista Jorge Luz, apontado como um dos operadores de propinas na Petrobrás, referentes a um contrato de afretamento do navio-sonda Petrobrás 10.000.

Renan divulga nota
O Líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), ex-Presidente do Senado, divulgou nota em que admite conhecer o operador Jorge Luz, mas nega ter recebido propina dele. Renan afirmou que não vê Luz há 25 anos. Segundo o peemedebista, a chance de se encontrar alguma irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é “igual a zero”.
Leia a íntegra da nota de Renan:
“O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) reafirma que a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é igual a zero. O senador reitera ainda que todas as suas relações com empresas, diretores ou outros investigados não ultrapassaram os limites institucionais. Embora conheça a pessoa mencionada no noticiário, não o vê há 25 anos”.

“Lobista desde sempre”
Engenheiro e empresário, Jorge Luz é apontado pela Lava Jato como um dos principais agentes do esquema de corrupção na Petrobras e na Eletronuclear. “O Jorge é um lobista dentro da Petrobras desde sempre. Eu vim a conhecê-lo quando ocorreu aquele fato de ter que ter apoio do PMDB para eu continuar na diretoria”, disse em depoimento o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada. Sua atuação também foi destacada por Fernando Soares (Baiano), outro operador que atuava em favor do PMDB e que também virou delator. Ele é considerado o “operador dos operadores” do partido na estatal.
No processo-mãe da Lava Jato, Jorge Luz é citado pelo Procurador-Geral da República como importante peça na engrenagem do esquema de corrupção.
Pai e filho, que também são sócios, devem ser levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba tão logo sejam encontrados. Os motivos da prisão e o papel dos operadores ainda serão esclarecidos pela coordenação da Operação Blackout.


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