01 agosto, 2017

Líderes da oposição se reunirão no início da tarde de hoje para tentar desenhar estratégia conjunta para a votação da denúncia contra o Presidente Michel Temer (PMDB) prevista para esta 4ª feira (02/08). Os oposicionistas ainda estão divididos: um grupo defende que não se registre voto para forçar o adiamento da decisão por falta de quórum; outro quer votar logo a denúncia para expor publicamente os parlamentares governistas. A votação só poderá ser iniciada se 342 deputados estiverem presentes em Plenário da Câmara.
A primeira posição é defendida, sobretudo, por parlamentares do PSOL e da REDE. A segunda é apoiada por parte das bancadas do PT, do PDT, do PSB e do PCdoB. As duas primeiras legendas entendem que protelar a decisão é a melhor saída: empurrando-se o caso, acreditam, cresceria pressão sobre os Deputados governistas e o próprio Presidente. Nesse intervalo, o Procurador-Geral da República poderia apresentar nova denúncia contra Temer.
Para os demais partidos da oposição (encabeçados por setores do PT), seria melhor votar logo o pedido para aumentar o desgaste da base aliada, com a divulgação dos votos de cada Deputado, de modo a abrir terreno para a votação da próxima denúncia. A Procuradoria-Geral da República, que denunciou Temer por corrupção passiva, estuda apresentar novo pedido de ação penal contra o presidente por obstrução da Justiça e organização criminosa com base nas delações da JBS.
No entanto, há um consenso: os oposicionistas desejam prolongar o debate. O objetivo é que a discussão se arraste até a noite para ser transmitida em horário nobre e ao vivo pelas redes de TV. Para isso, uma das estratégias será apresentar questões de ordem. A sessão no plenário da Câmara está prevista para começar às 9h da manhã de amanhã.
Já os governistas defendem votação imediata da denúncia para tentar reduzir a carga contra Temer. Eles alegam que têm mais que os 172 necessários para salvar o peemedebista.
Reportagem publicada no site da revista Época nesta terça-feira informa que o então Vice-Presidente Michel Temer autorizou o lobista da JBS, Ricardo Saud, a entregar R$ 3 milhões em dinheiro vivo ao agora ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na ocasião os dois peemedebistas eram aliados. Segundo a revista, o valor foi descontado dos R$ 15 milhões que Temer receberia da empresa naquela eleição, por solicitação do PT, como parte do pagamento de propina da JBS em troca de favorecimento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em nota, a assessoria de imprensa do Presidente usou tom duro para rebater as declarações de Ricardo Saud citadas por Época: “A quadrilha comandada pelo bandido Joesley Batista fabrica em profusão versões e planilhas. O presidente nunca teve ‘crédito’ junto às empresas do meliante da Friboi. Nem autorizou transferências a outros parlamentares. A conversa com o capanga é absolutamente ficção barata. O vazamento dessa nova versão tem o claro interesse de tentar influenciar na votação da Câmara dos Deputados”.


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