09 janeiro, 2017
On 12:16 by Quorum in América do Sul, Análise Política, Brasil, Comércio Exterior, Consultoria Política, Donald Trump, Estados Unidos, Mercosul, Sergio Amaral No comments
Com a posse do presidente Donald Trump em 20 de janeiro
próximo, o governo brasileiro pretende intensificar as relações com os Estados
Unidos visando a ampliar o comércio bilateral, resolver questões que permitam
aumentar os investimentos norte-americanos no Brasil e acelerar a cooperação
entre os dois países em projetos nas áreas de defesa e de energia, disse o embaixador
do Brasil em Washington, Sergio Amaral, em entrevista a agências estatais de notícias da Rádio Nacional.
“Temos uma presença nos Estados Unidos que está muito aquém
da nossa potencialidade e do que somos", acrescentou o embaixador. Sergio
Amaral disse que, desde que assumiu o posto de embaixador em Washington, em
setembro do ano passado, ficou impressionado com a "subrepresentação"
do Brasil em setores importantes da vida norte-americana, particularmente o
Congresso Nacional.
Segundo o embaixador, o Congresso norte-americano, que tem
maioria republicana, vai desempenhar, nos próximos anos, papel "muito
importante" no futuro dos Estados Unidos. Por essa razão, disse ele, o
Brasil precisa aproveitar o momento para "ter maior proximidade",
para discutir os assuntos de seu interesse e apresentar propostas que aproximem
os dois países.
Em um contexto de relações internacionais em que o Brasil
não é parte de nenhum problema levantado por Donald Trump, durante a sua
campanha eleitoral, as propostas brasileiras "são muito positivas",
de acordo com o embaixador. Ele disse que, além do Congresso, o Brasil pretende
aprofundar relações também com o setor acadêmico e do pensamento
norte-americano.
De acordo com o embaixador, a comunidade brasileira que vive
nos Estados Unidos também pode ter papel relevante em uma maior aproximação do
Brasil com os Estados Unidos. "São 1 milhão e 100 mil pessoas, que estão
presentes em várias cidades, em várias regiões, são ativas, participam da vida
comunitária, e podem ser um ativo quando buscamos aproximação maior com os
congressistas. Porque nas suas comunidades elas já têm um peso político que
pode se traduzir em questões de interesse do Brasil.", acrescentou Amaral.
Convergência
Ao falar sobre o anseio que existe em ambos os países para o
aumento do comércio, o embaixador afirmou que, atrás dos problemas que surgem,
há oportunidades. "Muitas pessoas e países estão preocupados com as
restrições do novo governo em relação ao Tratado de Cooperação Transpacífica,
que aparentemente não vai ser ratificado, ou muito provavelmente não vai ser
ratificado".
"Isso, para nós, não é necessariamente um
problema", disse Sergio Amaral. E acrescentou: "Não éramos
participantes desse processo de negociação. Acho até que, se não houver esse
Acordo Transpacífico, será mais natural que as duas grandes regiões - a da
América do Sul, do lado do Atlântico - que tem o Mercosul, e a da América do
Sul - que está do lado do Oceano Pacífico, organizada em torno desse acordo
Transpacífico - se aproximem mais e promovam um processo de convergência da
América do Sul".
O embaixador Sergio Amaral disse que toda grande mudança
pode apresentar dificuldades. "Felizmente, no caso atual, essas
dificuldades não são grandes. Mas elas apresentam muito boas oportunidades que
temos de saber aproveitar".
Donald
Trump
O embaixador brasileiro também analisou as razões que
levaram Donald Trump a ganhar as eleições para a presidência dos Estados
Unidos. Ele disse que a vitória de Trump representa uma série de mudanças que
ocorrem não só nos Estados Unidos, como na Europa. "São mudanças muito
grandes que mostram nova posição da sociedade perante o governo. A sociedade
não está satisfeita, ela quer mudanças. Ela desenvolveu uma atitude
antigoverno, antipolíticos, porque a sociedade está buscando novos caminhos
perante essas mudanças. Isso nós notamos muito claramente aqui. O que o
presidente Trump fez na sua campanha foi basicamente capturar esse sentimento
de insatisfação da sociedade. E soube se comunicar com a sociedade e buscar dar
uma resposta a ela".
Sobre o receio de muitos países de serem afetados pelas
mudanças que Trump pretende imprimir em seu governo, Sergio Amaral afirmou que
"não cabe à embaixada avaliar o governo americano". Ele disse que
pode, porém, comentar como essas mudanças podem ou não afetar o Brasil.
"Eu digo que, de forma geral, somos pouco afetados por essas mudanças. O
Brasil não é parte de nenhum dos problemas que foram levantados na campanha. na
área de comércio, não temos grande superávit com os Estados Unidos. Temos é um
déficit de ano a ano de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões".
Em sua análise, Sergio Amaral observou que o Brasil não está
capturando investimentos nos Estados Unidos em detrimento do trabalhador
americano. "Ao contrário, nós investimos aqui até uma soma expressiva, US$
24 bilhões nos últimos anos, e estamos gerando empregos aqui. Não somos um
problema nem na área de tráfico de drogas, nem de armas, nem mesmo de
terrorismo. A nossa contribuição à relação Brasil-Estados Unidos é
positiva", finalizou.
Fonte: Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil
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