05 abril, 2017

O líder do PMDB no Senado Renan Calheiros (AL), ex-Presidente do Congresso Nacional, tem confirmado seus sinais de rompimento com o Governo Temer. Nos últimos dias, abandonando seu consagrado estilo de articulação nos bastidores, Renan tem feito críticas públicas ao Planalto, gravando vídeos veiculados em suas redes sociais. Na presente semana, o Senador manteve a ofensiva. Na 3ª feira, em entrevista a repórteres, Renan comparou o governo Temer, pressionado pela Lava Jato, à pior das fases recentes da Seleção Brasileira de Futebol.
“O Brasil está cobrando que o governo funcione. Reclama que o governo está mal escalado, jogando para trás. O governo, como está, parece a seleção de Dunga. Nós queremos a seleção de Tite para dar a orientação”, fustigou Renan, que na semana passada já havia encabeçado a lista de Senadores do PMDB que se posicionaram – em vão – contrariamente à sanção do projeto de lei que regulamenta a terceirização do trabalho no Brasil. Além das recentes declarações contra o Governo, a postura de Renan contra a sanção contrariou o Planalto e irritou Temer.
Dizendo-se descontente com as medidas de ajuste fiscal de Temer, o senador disse ainda que o impeachment da presidente Dilma Rousseff não foi executado para, em seguida, o Brasil continuar mergulhado em recessão econômica, crise política, desemprego em alta e sob ameaça de aumento de imposto.

Sobreviver nas Alagoas
Mais cedo, momentos antes de participar de um jantar na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB/TO) para Senadores da bancada, Renan foi perguntado se seu comportamento hostil ao governo mira as eleições de 2018. Segundo fontes, Renan está ameaçado de não se reeleger como Senador por Alagoas, diante da alta popularidade de Lula no Nordeste. Assim, o caminho a seguir seria alinhar o discurso com o líder petista, hoje em campo oposto ao de Temer depois do impeachment de Dilma Rousseff. O próprio filho de Renan – “Renanzinho", Governador de Alagoas – estaria correndo o risco de não se reeleger.

Reação do Planalto
Como reação às manifestações de Renan, Temer desmarcou um café da manhã que ambos dividiram para discutir os próximos passos do Governo.
“Só porque há uma convergência de discurso [com o ex-presidente]? Será que o presidente Temer acha que meu discurso está dessintonizado [sic] com o dele? Eu não sei, ele não me falou. Eu não tenho qualquer preocupação com a eleição de 2018, o que me preocupa é o rumo do governo. Está na hora de ouvir. Com o governo de Eduardo Cunha eu já rompi. Vamos aguardar o próximo”, declarou após insinuar que Cunha (já condenado há 15 anos de prisão), manda no Governo de dentro da cadeia.

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