17 março, 2017

A Polícia Federal lançou em seis Estados e no Distrito Federal nesta sexta-feira a Operação “Carne Fraca”, com o objetivo de desarticular organização criminosa supostamente liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. A Operação investiga a venda ilegal de carnes por grandes frigoríficos brasileiros e a existência de sistema de propinas destinado a fraudar autorizações sanitárias no setor.
Segundo os investigadores, Parte do dinheiro da propina paga pelas empresas envolvidas na Operação Carne Fraca era destinado à campanha eleitorais de partidos políticos, notadamente o PP e o PMDB. A informação foi divulgada pelo delegado da Polícia Federal, Maurício Grillo, em entrevista coletiva concedida em Curitiba.
“Está bem claro que uma parte do dinheiro da propina era revertido para partido político. Era destinado para campanha política”, afirmou o delegado. Questionado sobre os partidos que seriam beneficiados, respondeu: “No caso de dois partidos, PP e PMDB, era muito claro”. Grillo afirmou que não é ainda possível afirmar quanto foi repassado aos partidos nem quanto tempo durou esse esquema. “Nos dois anos da investigação era muito claro, mas não sabemos se havia antes.”
O delegado informou que ainda não é possível apontar o volume de propina movimentada pelo grupo. No entanto, os policiais encontraram grandes somas de dinheiro em espécie na casa de vários fiscais agropecuários suspeitos de envolvimento no suposto esquema de corrupção.

Ministro da Justiça aparece em áudios, mas PF não vê crime
O Ministro da Justiça, Osmar Serraglio, é citado em áudios captados nas investigações. A Polícia Federal não apontou ilegalidade na conduta do Ministro, que teve interceptada uma conversa telefônica com o superintendente do Ministério da Agricultura do Paraná de 2007 a 2016, Daniel Gonçalves Filho, que seria o líder da organização criminosa.
Na prestação de contas do Deputado Osmar Serraglio (PMDB/PR) à Justiça Eleitoral em 2014, consta uma doação oficial de R$ 200 mil da JBS, por intermédio do Diretório Nacional do PMDB.
Na época em que exercia o mandato de Deputado Federal, Serraglio ligou para o superintendente para obter informações sobre o frigorífico Larissa, de Iporã (PR), de Paulo Roberto Sposito, que foi candidato a Deputado Federal por São Paulo em 2010.
“Grande chefe, tudo bem? Viu, tá tendo um problema lá em Iporã, cê tá sabendo? O cara que está fiscalizando lá apavorou o Sposito, disse que hoje vai fechar aquele frigorífico… botou a boca. Deixou o Paulo apavorado”, afirmou Serraglio ao telefone. Gonçalves entrou em contato com o fiscal da área para ser informado sobre o ocorrido. Informado de que não haveria nada de errado na empresa, o superintendente passa a informação a Serraglio.
O Ministério da Justiça divulgou nota em que destaca a conclusão do Ministério Público e da Justiça Federal de que não há indício de ilegalidade na conversa que envolve o Ministro. “Se havia alguma dúvida de que o Ministro Osmar Serraglio, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só. O Ministro soube hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em uma investigação. A conclusão tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo Juiz Federal é a de que não há qualquer indício de ilegalidade nessa conversa degravada”, diz a nota.

Bovespa recua com notícias sobre a investigação: JBS e BRF lideram perdas
O principal índice da bolsa paulista mostrava fraqueza nesta sexta-feira, com as ações da JBS (controladora da Friboi e da Seara) e da BRF (fusão entre Sadia e Perdigão) liderando as perdas, em sessão marcada por um intenso noticiário corporativo.
Às 12h01, o Ibovespa caía 1,37 por cento, a 64.880 pontos. O indicador chegou a abrir no azul, subindo 0,64 por cento na máxima do pregão. O giro financeiro era de R$ 2,6 bilhões.
Também no radar estava o cenário político brasileiro, enquanto os investidores avaliam se as recentes delações envolvendo o núcleo do Governo de Michel Temer podem afetar o avanço de propostas como a da Previdência.
Segundo analistas, o cenário político será crucial para garantir que o tom positivo após dados econômicos recentes como desaceleração da inflação e criação de vagas formais após quase dois anos de quedas seja sustentado.
No exterior, o mercado segue atento à reunião de ministros das Finanças do G20 na Alemanha, o primeiro desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos. O encontro deve terminar sem acordo sobre rejeição ao protecionismo, mas com a reafirmação de que líderes repudiam desvalorizações competitivas do câmbio.

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