17 março, 2017
On 15:37 by Quorum in Agronegócio, Brasil, BRF, Economia, Friboi, JBS, Ministério da Justiça, Operação Carne Fraca, Osmar Serraglio, Polícia Federal No comments
A
Polícia Federal lançou em seis Estados e no Distrito Federal nesta sexta-feira
a Operação “Carne Fraca”, com o objetivo de desarticular organização criminosa
supostamente liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do
agronegócio. A Operação investiga a venda ilegal de carnes por grandes
frigoríficos brasileiros e a existência de sistema de propinas destinado a
fraudar autorizações sanitárias no setor.
Segundo
os investigadores, Parte do dinheiro da propina paga pelas empresas envolvidas
na Operação Carne Fraca era destinado à campanha eleitorais de partidos
políticos, notadamente o PP e o PMDB. A informação foi divulgada pelo delegado
da Polícia Federal, Maurício Grillo, em entrevista coletiva concedida em
Curitiba.
“Está
bem claro que uma parte do dinheiro da propina era revertido para partido
político. Era destinado para campanha política”, afirmou o delegado.
Questionado sobre os partidos que seriam beneficiados, respondeu: “No caso de
dois partidos, PP e PMDB, era muito claro”. Grillo afirmou que não é ainda
possível afirmar quanto foi repassado aos partidos nem quanto tempo durou esse
esquema. “Nos dois anos da investigação era muito claro, mas não sabemos se
havia antes.”
O
delegado informou que ainda não é possível apontar o volume de propina
movimentada pelo grupo. No entanto, os policiais encontraram grandes somas de
dinheiro em espécie na casa de vários fiscais agropecuários suspeitos de envolvimento
no suposto esquema de corrupção.
Ministro da Justiça aparece em áudios,
mas PF não vê crime
O
Ministro da Justiça, Osmar Serraglio, é citado em áudios captados nas
investigações. A Polícia Federal não apontou ilegalidade na conduta do Ministro,
que teve interceptada uma conversa telefônica com o superintendente do
Ministério da Agricultura do Paraná de 2007 a 2016, Daniel Gonçalves Filho, que
seria o líder da organização criminosa.
Na
prestação de contas do Deputado Osmar Serraglio (PMDB/PR) à Justiça Eleitoral
em 2014, consta uma doação oficial de R$ 200 mil da JBS, por intermédio do
Diretório Nacional do PMDB.
Na
época em que exercia o mandato de Deputado Federal, Serraglio ligou para o
superintendente para obter informações sobre o frigorífico Larissa, de Iporã
(PR), de Paulo Roberto Sposito, que foi candidato a Deputado Federal por São
Paulo em 2010.
“Grande
chefe, tudo bem? Viu, tá tendo um problema lá em Iporã, cê tá sabendo? O cara
que está fiscalizando lá apavorou o Sposito, disse que hoje vai fechar aquele
frigorífico… botou a boca. Deixou o Paulo apavorado”, afirmou Serraglio ao
telefone. Gonçalves entrou em contato com o fiscal da área para ser informado
sobre o ocorrido. Informado de que não haveria nada de errado na empresa, o
superintendente passa a informação a Serraglio.
O
Ministério da Justiça divulgou nota em que destaca a conclusão do Ministério
Público e da Justiça Federal de que não há indício de ilegalidade na conversa
que envolve o Ministro. “Se havia alguma dúvida de que o Ministro Osmar
Serraglio, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do
trabalho da Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só. O
Ministro soube hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em
uma investigação. A conclusão tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo
Juiz Federal é a de que não há qualquer indício de ilegalidade nessa conversa
degravada”, diz a nota.
Bovespa recua com notícias sobre a
investigação: JBS e BRF lideram perdas
O
principal índice da bolsa paulista mostrava fraqueza nesta sexta-feira, com as
ações da JBS (controladora da Friboi e da Seara) e da BRF (fusão entre Sadia e
Perdigão) liderando as perdas, em sessão marcada por um intenso noticiário
corporativo.
Às
12h01, o Ibovespa caía 1,37 por cento, a 64.880 pontos. O indicador chegou a
abrir no azul, subindo 0,64 por cento na máxima do pregão. O giro financeiro
era de R$ 2,6 bilhões.
Também
no radar estava o cenário político brasileiro, enquanto os investidores avaliam
se as recentes delações envolvendo o núcleo do Governo de Michel Temer podem
afetar o avanço de propostas como a da Previdência.
Segundo
analistas, o cenário político será crucial para garantir que o tom positivo
após dados econômicos recentes como desaceleração da inflação e criação de
vagas formais após quase dois anos de quedas seja sustentado.
No
exterior, o mercado segue atento à reunião de ministros das Finanças do G20 na
Alemanha, o primeiro desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados
Unidos. O encontro deve terminar sem acordo sobre rejeição ao protecionismo,
mas com a reafirmação de que líderes repudiam desvalorizações competitivas do
câmbio.
Fontes:
Congresso em Foco e Reuters
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